Philip Roth

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*Por Philip Roth

"Em matéria de encantamento, o sexo por si só já basta. Será que os homens acham as mulheres tão encantadoras quando o sexo é omitido? Será que alguém, qualquer que seja o sexo, acha alguém encantador se não houver nada de sexual entre eles? Tem alguém que encanta você sem ser por isso? Não tem".

"Pois no sexo não há um ponto de equilíbrio absoluto. Não existe igualdade sexual, não pode haver igualdade sexual, uma igualdade em que as duas partes sejam iguais, em que o quociente masculino e o quociente feminino estejam perfeitamente equilibrados. Não há como negociar de modo medido essa loucura. (…) O que está em jogo aqui é o caos de eros. (…) Na hora do sexo, todos nós voltamos para a selva. Voltamos para o pântano".

"Porque é só quando você fode que tudo aquilo de que você não gosta na vida, tudo aquilo que derrota você na vida, é vingado da maneira mais pura, ainda que efêmera. É só nesse momento que você está vivo do modo mais limpo, que você é você mesmo do modo mais limpo. Não é o sexo que é corrupção – é o resto. Sexo não é só atrito e diversão superficial. É também a maneira como nos vingamos da morte. Não se esqueça da morte. Não se esqueça da morte jamais. É verdade, também o sexo tem um poder limitado. (…) Mas me diga uma coisa: existe poder maior?"

(Três trechos de O Animal Agonizante, da Companhia das Letras, 2006, tradução Paulo Henriques Britto. Peguei as citações pinçadas pelo Guilherme Sobota em um blog do estadão).

Jader Pires