Ainda sobre copos

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Quem olhar de fora ou vir ler esta newsletter pela, no máximo, segunda vez, vai achar que trata-se de uma clara obsessão.

Se na semana passada eu falei de um copo quebrado, nesta edição eu vou, novamente, contar de um copo que me chamou a atenção.

Dia desses eu tava que era só ansiedade. Vários trampos pra matar, queria ver o novo Vingadores e não estava conseguindo agenda ou ingresso, metade problemas do trabalhador e metade problemas de gente rica.

Mentira. Gente rica já tinha visto o filme naquelas salas com poltrona pra deitar e tomar cerveja cara há muito tempo. São Paulo, né. Se você tem dinheiro, independente do quanto, há lugar pra se gastar tudo isso.

Mas esquece São Paulo. Deixa de lado os rico. Só agora. Não larga do pé dos rico não. Mas agora sim.

Foco.

Vamos lá. Eu estava numa inquietação de dar dó. E, lá pelas tantas, fui à cozinha pra fazer algo e acabei me deparando com a situação de preencher um copo com algo que não me lembro mesmo o que era, se achocolatado ou diabo verde. Mas não é o conteúdo que importa. O do copo. O que eu estava prestes a colocar dentro dele. O conteúdo deste texto importa. Presta atenção nele.

Lá vai. Peguei a colher, na apreensão, na ânsia, mirei a parte gordinha dela bem em cima do redondão do copo, e virei. Sucesso. Enchi com o tanto que precisava.

Foi um sucesso retumbante? Não. Poderia? Porra, tava tudo ali, facinho. Mas foi? Não.

Metade do conteúdo que era para cair no copo escorregou pela parte de fora e morreu na pia. Não fez falta, mas fiquei de olho naquele restolho de pó que, naquele momento, tinha servido de nada. Morreu na praia. Morreu na pia. E voltei pros meus afazeres com aquele amargo de ter feito errado, de ter sido burro, de não ter concluído com êxito algo tão fácil de fazer. Era o mínimo de coordenação.

Depois do feito, reparei na coisa incrível que é colocar algo dentro de um copo.

Repara.

A gente tem uma circunferência de diâmetro pequeno, de raio menor ainda, já que é a metade do diâmetro (e você pensou que suas aulas de geometria não serviriam para nada, né?), contra toda a infinita composição maravilinda que é o universo. Quais as chances de você acertar a rodinha de centímetros contra a probabilidade do Toddy ou do leite cair no restante do cosmo!

Fecha os olhos e tenta. Se você acertar o copo, você é muito foda. Mesmo. Orgulhe-se como um atleta de alta performance se orgulharia ao bater um novo recorde.

Você é demais. Mesmo.
 

Jader Pires